sábado, 25 de outubro de 2008

sonhos

Um sonho persistente desde que sou criança era ser rico, muito rico. Eu já tinha desenhado até a casa (mansão) na qual eu iria morar, o carro que eu iria ter, entretanto algo já me afligia... para que uma casa tão grande se eu vou morar sozinho? Hein!? Logo então eu sonhei em ter muitos amigos, amigos que preencham minha casa, e que ela fosse de todos eles, para que eles chegassem e partissem quando bem quisessem, que fossem passar o dia lá, passar férias, fim de semana e dormir lá se lhes convir. Era uma propriedade bastante coletiva. Eu abdicava de minhas posses para ter compainha, era - e ainda sou - um pequeno socialista às avessas. Mas para que sonhar tão alto, com muitos amigos numa mansão, se com o tempo me revelou estar só no mundo com meu irmão. Éramos eu e ele construindo nosso mundo com pecinhas de Lego. Ao invés de sonhar, tracei objetivos de vida. Isso é mais concreto, dá a sensação de que eu irei realizar, não sei quando, a meta de ter amigos, mas amigos de verdade, que independente da quantidade, eu os poderia chamar de irmão, como se de fato fôssemos irmãos - e excluindo o fato de que biblicamente todos somos irmãos. Transfigurando este conceito para a atualidade, destituído de prancha, andando sobre as ondas, Jesus diria que todos somos brothers - para ressaltar a diferença entre ser um brother e ser irmão. Obviamente existem outras pequenas vontades - e para essas não poderia dizer sonhos - como ter uma festa de aniversário surpresa, mas para quê se não teria gente suficiente que justificasse uma festa - esse foi um dos motivos que me levaram a não comemorar mais meu aniversário. Seguindo a regressão do peso dos sonhos, hoje eu queria ouvir só três palavras sinceras - eu te amo - sem a banalidade dos tempo desta pós-modernidade.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

10 RAZÕES PARA ABANDONAR HEROES


Li esse texto no blog Nightripping e adorei por representar minha indignação com a queda da qualidade da série. Não conseguiria escrever algo igual.


10- FORÇA POLICIAL E SERVIÇOS DE INTELIGÊNCIA COMPLETAMENTE INVEROSSÍMEIS
Todas as forças policiais dos EUA são inexistentes ou incompetentes. Não existe um FBI, uma CIA ou qualquer merda atrás desse povo todo e nas raras vezes que aparecem são sempre depois de uma morte e só fazem merda.

Na primeira temporada, na investigação da morte do pai de Hiro, a polícia afirma que a digital de Angela Petrelli foi encontrada na foto do defunto. Faria sentido se ela não estivesse usando luvas no momento em que pegou o retrato.

Na mesma temporada, um agente do FBI diz à Suresh que Edem morreu “próxima a Sudbury, a 100 milhas de Ontario”. Ontario é uma província do Canadá e não uma cidade. O problema é que Sudbury fica bem no meio e se ela morreu a 100 milhas de Sudbury ela estaria ainda dentro da província de Ontario.

9- O HAITIANO
Começou como figurante, até que resolveu falar e ganhar salário de ator.

O poder do Haitiano é simplesmente a resposta para 90% dos problemas que os personagens passam, mas ninguém dá a menor bola para ele. Problemas com Sylar? Haitiano! Problemas com Peter? Haitiano! Problemas com vilões que manipulam a realidade com o poder da mente? Haitiano! Problemas com fórmulas para retirar poderes de humanos “especiais”? Sangue do Haitiano!

Talvez ele saiba disso tudo e por isso fica quietinho. Até agora sua participação na terceira temporada se resumiu a levar uma porrada na cabeça de Ando e outra de Peter (no único momento da série inteira que o personagem demonstra presença de espírito).

8- MOHINDER SURESH
Depois de perder para Nathan Petrelli o poder de narrar introduções de episódios pseudo-poéticas-e-existencialistazinhas, os roteiristas resolveram transformá-lo em uma nova versão de A Mosca. Vamos revisar: professor -> taxista -> cientista -> portador da cura para o vírus maléfico da segunda temporada -> monstro. Alguém por favor tenha misericórdia e sacrifique esse animal de uma vez.

7- CLAIRE BENNET
Adam Monroe manifestou seus poderes já adulto e nunca mais envelheceu. Claire manifestou ainda bebê, mas misteriosamente parou de envelhecer na adolescência, período difícil onde o corpo da menina começa a mudar e se transformar. Agora Claire é “imortal” e insensível. Depois de um pai paranóico, neurótico e psicótico, Claire ainda foi X-tuprada por Sylar.

Nada disso no entanto fez com que a atriz desse à personagem novas expressões faciais. Claire é uma personagem ruim interpretada por uma péssima atriz que amaldiçoou a série com seu poder, dando poucas esperanças que alguém a mate de uma vez por todas. Até o cachorro da mãe dela é mais carismático.

6- DANÇA DAS CADEIRAS COM OS PERSONAGENS “ESPECIAIS”
Nada pior do que introduzir uma pá de personagens novos para que eles sumam nos dois capítulos seguintes, perdendo completamente a importância para a trama. Eu já perdi a conta dos que deveriam ter ficado no lugar de Peter, Claire e Mohinder. Nessa temporada tivemos a gangue de bandidos (que só sobra um para preencher a cota de personagens afro-americanos). Outros interessantes foram: a irmã de Micah, O namorado voador de Claire e Claude Rains (o único que pode realmente desaparecer com algum propósito para a história).

Outra personagem que não podemos cometer o erro de esquecer é Catlin, a namoradinha irlandesa de Peter. Não podemos porque Peter a esqueceu. Não só esqueceu, claro. Ele simplesmente a transporta para uma linha de tempo no futuro, depois volta sozinho para o presente e muda a história, destruindo a linha temporal e conseqüentemente a existência dela. Boa, Peter!

A única que parece imune a esse problema é a atriz Ali Larters, que interpretou Nikki Sanders. Nikki morre, mas a atriz volta na pele da irmã-gêmea (surpreeesa!) porque é preciso manter a cota das gostosas também, certo?

5- PUSH THE TEMPO
Os caras erraram na mão de novo. Depois de uma temporada em slow-motion, optaram por uma em fast-foward. Dois capítulos depois da estréia foram o suficiente para transformar a série em um vídeo-clipe de hardcore. A greve dos roteiristas pode ter provocado isso motivando essa disparada para recuperar um tempo perdido… mas quem tem pressa?

E por falar em tempo? Mais viagens no tempo e futuros alternativos se alterando diante de nossos olhos não ajuda em nada o desenvolvimento da série. Confunde horrores e é uma referência acidental à Star Trek que os fãs não precisam.

4- DOENÇA DE LOST
Heroes começou com uma proposta de explicar os mistérios que envolviam o argumento em um ritmo que não deixasse o expectador com gastura. A terceira temporada traz saudades da nova versão da Ilha de Gilligan. Heroes agora é uma confusão enorme onde misteriosos vilões tecem planos por trás de misteriosos vilões que tecem planos por trás de insossos heróis que não têm idéia do que fazer com seus poderes. Não duvidaria se um novo personagem “especial” surgisse com apenas quatro dedos nos pés e tenha o poder de se transformar em uma fumaça negra que dispara relâmpagozinhos.

3- SYLAR NÃO FOI ASSASSINADO POR QUE RAZÃO MESMO?
Se Sylar é tão poderoso assim, por que após ser capturado pela Companhia, ele é posto no Nível 3 de segurança, enquanto um cara com o poder de pirocinese (o mesmo da mãe de Claire) está no Nível 5 de segurança? Por que depois fugir e ser capturado novamente pela companhia Sylar é enviado para uma floresta mexicana ao invés de estar na porra do Nível 5 de segurança?

Por que Noah Bennet simplesmente não atira na cabeça de Sylar para deixá-lo indefeso por alguns segundos, corta a cabeça do sujeito e queima o resto do corpo, depositando as cinzas em cofres espalhados pelo mundo?

Por que… ah! Foda-se.

2- DEUS EX-MACHINA - Seus problemas acabaram!
Hiro e Peter possuem o poder de viajar no tempo e no espaço e o sangue de Claire e Adam Monroe conseguem banalizar todo o conceito católico da Páscoa. Ninguém morre e nenhum problema é insolúvel. Por que diabos então dá tanta merda assim na série?
Em primeiro lugar: Hiro é um retardado cuja o senso moral não permite que ele salve o pai da morte, mas permite enterrar vivo o assassino que ficará preso pela eternidade.
Em segundo lugar: Peter Petrelli. Esse merece uma razão da lista só para ele:

1- PETER PETRELLI
Apesar de termos vários personagens, Peter é o protagonista de toda uma temporada e ele é um pé no saco. Versão “emo” ou “cicatriz-gumex”, Peter é um zero à esquerda. Eis o resumo do rapaz:

Na primeira temporada é retratado como um ignorante que não sabe para onde vai, de onde veio e não consegue nem pegar uma mulher que namora um pintor drogado. Para finalizar ainda precisa da ajuda de Hiro para salvar a situação na força bruta.

Na segunda temporada ele perde a memória (que nem nas novelas) e torna-se um imbecil que no final precisa novamente da ajuda de Hiro para salvar a situação… dessa vez esclarecendo para ele que Adam estava o enganando. Peter ainda hesita, mas poderia resolver suas dúvidas lendo a mente de Hiro… ei! Espera! Como alguém que pode ler mentes é enganado? ARGH!

Na terceira temporada ele simplesmente aje como um retardado alucinado que quando não está preso no corpo de um outro personagem (que nem em alguns filmes bobos dos anos 80), provocando uma explosão nuclear no futuro (onde o mundo é “azulado-CSI”), ou tentando matar a própria família. No momento ele está em coma induzido e torço para que continue eternamente assim.

domingo, 19 de outubro de 2008

De mim para mim

Certa vez assisti a um filme que dizia que ao morrermos, após o ultimo suspiro perdemos 21 gramas, esse seria o peso da alma.
Quanto a isso poderia dizer que algumas almas pesam muito mais que outras. Na verdade isso é apenas uma materialização do que Milan Kundera dizia na "insustentável leveza do ser", e como a leveza pode ser insustentável. O peso que cada um carrega é variável, depende de quanto a alma de cada um é forte.
E existe alma? Prefiro acreditar que sim. Não sei se o nome disso é alma, alguma energia divina, o sopro de vida, ou apenas a consciência, a consciência coletiva que nos tira a sensação de estar só, que nos faz ter certeza que mesmo aqui, sozinho digitando devagações inuteis num quarto escuro, outras pessoas nutrem algum tipo de sentimento por nós.
Então eu questiono pra minh'alma porque eu fico triste quando não quero estar, como se num instante eu tivesse sua (minha) energia descarregada e o peso do mundo paira sobre minhas costas. Porque julgo carregar o peso do mundo nas costas quando na verdade nunca carreguei mais que minhas (suas) próprias coisas. Você ainda é pequena, pequena e virgem diante de tudo que se tem pra viver. Minh'alma as vezes foge de mim quando se assusta com minha (sua) aparência de imaturo e mau. Minh'alma não é minha como minha (sua) carne. O fim da carne todos sabemos, mas da alma... não podemos prever por quais outras janelas minh'alma entrará daqui para lá.

Liberdade...

Liberdade
(Marcelo Camelo)

Perceber aquilo que se tem de bom no viver é um dom
Daqui não
Eu vivo a vida na ilusão
Entre o chão e os ares
Vou sonhando em outros ares, vou
Fingindo ser o que eu já sou
Fingindo ser o que já sou
Mesmo sem me libertar eu vou

É Deus, parece que vai ser nós dois até o final
Eu vou ver o jogo se realizar de um lugar seguro

De que vale ser aqui
De que vale ser aqui
Onde a vida é de sonhar?
Liberdade

domingo, 5 de outubro de 2008

ô vida...



"É, pode ser que a maré não vire,
pode ser do vento vir contra o cais
e se já não sinto os teus sinais
pode ser da vida acostumar..."


(dois barcos - los hermanos)


Acabo de ter a certeza que minha vida seja um ciclo. A vida é feita de vários ciclos. Mas um deles em especial... meu deus do céu, parece um mega deja vu. Tô cansado.


Ou eu quando falo, falo muita merda... ou sou legal demais pra todo mundo querer amizade... sem falsa modéstia rá-rá!

"fechar um sangramento e chorar só por chorar

cala meu ouvido pois quem cala consente

e se esse for o sentimento pode esperar

que a ira vai voltar

pode esperar, que a ira vai voltar."

(conteiner - mombojó)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Em terra de cego, quem tem olho é rei?

Foi o que me veio à cabeça ao assistir Ensaio sobre a Cegueira, apesar da linguagem do cinema não permitir a mínima reflexão um pouco menos superficial pela velocidade da ação e das imagens.

Irei me referir ao livro pelo brilhantismo da obra, que a meu ver, é leitura obrigatória para todo ser humano aprender a ser humano. Todos sempre estiveram cegos e nunca perceberam. A mesma diferença de ver e olhar é também estabelecida em viver e passar pela vida simplesmente, sem dar valor as pequenas coisas que nos fariam falta se o brilho dos olhos nos faltasse. O excesso de informação proporcionado pela visão ofusca a importância que não só essas pequenas coisas, mas as pessoas têm em nossa vida.

Se enxergar seria uma dádiva quando todos estam cegos, é também uma grande responsabilidade, um peso que escraviza.
O início de uma nova ordem social pôs fim a todos os valores previamente estabelecidos. Os códigos sociais são reduzidos à barbárie. Os instintos revelados são os mesmos que escondemos sob máscaras sociais.

A cegueira que representava também a alienação, a necessidade veemente de que todos acordem para modificar a realidade presente. Para provocar algum tipo de mudança social, apenas com o (re)nascimento da sociedade. E para que todos saibam do horror que antes viviam e que viveram, era necessário que apenas um não perdesse a visão, para ensiná-los e guiá-los com os erros cometidos.

A cegueira é diferente da patológica, não poderia ser representada pela escuridão, ou a ausência de cor. Mas como um excesso, a mistura de todas as cores (e coisas) também não mostra coisa alguma. É como se ele dissesse que nós que sempre vemos tudo, não enxergamos nada a nossa volta.

Saramago chama para uma tomada de consciencia do homem perante sua condição no mundo.

Tentar escrever qualquer outro tipo de análise seria pretencioso demais e para tal tarefa sinto-me, porque não, também cego. Cego sim por perceber que mesmo após ter ficado chocado, terem tentado me abrir os olhos, continuo cego. Porque para um cego, tanto faz estar de olhos abertos ou fechados.