segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Buscando Dalila

Após os baianos terem requebrado na boquinha da garrafa, segurando o Tchan do Japão ao Hawaií, ver a mulher brasileira “toda bôa” transbordando numa latinha e “arrêando” com o Asa no “cuduro”, estão querendo crussificar Dalila! Tenho ouvido severas críticas à letra da música. Eu não podia ficar de fora da discussão acerca da qualidade da forte candidata à música do carnaval 2009. Ao saber que trata-se de uma obra do maestro Brown, o cara que não dá ponto sem nó, realizei uma análise de conteúdo a fim de defender Dalila, para surpresa geral.


Para aqueles que tem falado que a música é besta, lá vão alguns argumentos:
1. Para começar, é uma música de carnaval, de festa, para animar o público. E neste caso, pouco importa o conteúdo! No quesito animação, pode-se observar que ela preenche satisfatoriamente.

2. Fala-se que a música “só tem vai buscar Dalila”. Retirando do baú um dos ícones do carnaval, a música Prefixo de Verão foi imortalizada pelo refrão mais simples e besta já visto “aê aê aê aê êêêê ôôôôô”, e mesmo assim foi/é sucesso e marca registrada do axé. Além do mais, o restante de Dalila é cantado muito rápido para valorizar o ritmo acelerado e a animação, afinal o conteúdo não é o mais importante.

3. Apesar disso, a música fala sobre o carnaval, sua energia, sua universalidade capaz de proporcionar diversão e muito trabalho. Para que a festa aconteça, tem muita gente ralando para fazer o trio andar, do motorista ao operário e o batuqueiro, todos dão o sangue, fazendo o impossível para satisfazer os foliões, pagantes e pipocas, mesmo que seja indo buscando Dalila ligeiro, ligeiro, ligeiro, ligeiro...

Obs: E por falar nela, quem foi Dalila? Como diria “Cumpadi Uóchitu”, Dalila foi uma ordináááária... uma Piriguete Profissa que seduziu Sansão para descobrir qual seu ponto fraco e entregá-lo aos inimigos.

Se convenceu? Não? Então tchau, I have to go now.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Se plante!

Hoje enquanto andava, um amigo me disse: "Véi, se plante!"

Foram 5 segundos que viajei para a eternidade de todas as formas possíveis de significado dessa frase, menos o real sentido dela.

Pensei em várias plantas, nas árvores frondosas que há anos estão fincadas em nosso solo, pensei numa árvore antiguíssima que vi ontem aqui perto de casa, daquelas árvores que parecem sustentar o céu com a copa.

Pensei num homem planta com as pernas em forma de tronco de árvore fincado ao chão e os braços como um aglomerado de cipós, sem mãos - devo ter visto isso em Caverna do Dragão alguma vez...

Pensei num homem vegetal, numa vida vegetativa... do tipo "O Escafandro e a Borboleta" e me imaginei inutilizado numa cama, mandando sinais com o piscar dos olhos.

Véi, se plante... que zorra é essa... pensei como eu sou desatualizado e por fora do vocabulário das pessoas da minha idade... pensei como eu sou velho, nem sei que porra quer dizer isso! Me senti tão Benjamin Button... fiquei realmente plantado sem entender até a mulher desse amigo dizer "faça assim!" - deixando a coluna ereta, peito para fora, barriga para dentro - procurando a postura viril de homem caçando a fêmea, a postura que atrai a mulheres.


E então num rápido flash lembrei-me das inúmeras vezes que ele sempre me fala "olha a postura!" e me compara que ando todo metralhado (essa gíria está correta?) ao estilo Bob Esponja... Mas até o Bob Esponja tem postura... talvez eu esteja mais para Homer Simpsons.



Seven pounds

Fiquei devendo a mim uma crítica sobre este filme, aclamado pelo público - afinal tem Will Smith, sucesso de bilheterias, como personagem principal, odiado pela crítica. Mas porque esse filme consegue ser tão adorado e odiado ao mesmo tempo?

Detonando - isso é fácil: A direção é pobre e clichê, tentando fazer a absolutamente todo instante o público chorar, mal sabendo eles que as cenas mais emocionantes curiosamente não eram aquelas em quem Will aparecia com os olhos marejados de lágrimas, muitas vezes inexplicavemente. A câmera é previsível e brega - a saber pela cena de sexo do casal do filme. O filme parece uma tentativa forçada de alcançar o mesmo sucesso obtido em "À Procura da Felicidade", entretanto neste caso a atuação de Will está sete vezes superior que em Sete Vidas.

Porque assistir então? Porque as histórias de vida das sete pessoas que ele ajuda são emocionantes e os atores que as vivenciam estão ótimos. Além disso há uma bela discussão acerca do peso da culpa, afinal dar a vida a outras 7 pessoas não irá trazer de volta as 7 vidas perdidas num acidente de carro que ele provocou. Pode aliviar a consciência, mas... Chama muito mais a atenção o gesto de doação em prol da vida de um estranho, ao ponto de rejeitar a própria vida. Sete Vidas é um soco na cara para que acordemos para a dádiva da vida, para que saibamos aproveitá-la enquanto temos, principalmente para os indivíduos cheios de saúde que dizem não à vida.

Trauma de carnaval

Concordando com Freud, todo trauma tem origem na infância... lembro-me de que quando criança detestava o carnaval porque eu não fazia nada. Eram cinco dias em frente da tv, "curtindo" o carnaval transmitido pela Rede Verão da Bahia, e morrendo de vontade de ir para rua com meu pai, que não queria me levar alegando que eu ia me perder, não conseguiria ver nada, é muito violento, durante o dia é muito quente, pela noite pode chover... enfim, ele não me levava porque não queria e pronto. Queria brincar o carnaval sem se preocupar com absolutamente nada.

Até então eu ainda gostava de axé, e muito. Depois eu me tornei um adolescente nerd, chato e solitário, que ainda assim intimamente gostava de axé e carnaval, mas não tinha com quem ir para rua, sair em bloco de carnaval, pegar mulher, beber e todas essas outras coisas que envolve o carnaval. É exatamente nessa época que meu pai resolve me levar para ver o carnaval, e eu até que ia... arrastado e rezando para que nenhum colega da escola que saiu com os amigos num bloco ou pipoca me visse com meu pai parado na calçada vendo o bloco passar... A situação me induzia a dizer a todos que não saía num bloco porque não gostava de carnaval (cof, cof...).

E essa mentira tantas vezes repetida... que água mole em pedra dura... passei a rejeitar os ritmos e as festas populares. Quanto mais estranho e desconhecida era a banda, mais eu gostava. Se fizesse sucesso, deixava de gostar. Para completar o quadro, nessa época minha família tinha o hábito de fazer uma feijoada todo domingo de carnaval. Todos os familiares próximos residentes em Salvador iam para a minha casa encher o bucho e meu pai fazia questão de cantar e dançar as músicas do carnaval na frente de todos, para então dizer que eu não gostava de carnaval - apenas para me atingir... eu era o jovem velho e ele o velho jovem. Ele sai sozinho para o carnaval e eu fico em casa - vale ressaltar que ele faz questão de contar isso a todos os sobrinhos e irmãos.

Hoje, depois de ter dado uma guinada de 360º em minha vida, aderido aos festejos populares - festas de largo, às drogas de modo geral, ao ritmo que tocar - do folk alternativo ao cuduro, ainda não consegui dizer sim ao carnaval. E isso entrar para a minha lista de coisas que tenho que fazer antes de morrer - sim, porque nunca se sabe quando será (ainda mais para um cardiopata que se recusa a ir num médico). Agradeço a todos aqueles que me convidam insistentemente para o carnaval... não desistam :D

Para finalizar, neste exato momento acabo de saber que meu pai ganhou um abadá da sexta-feira do bloco Yes e deu para uma sobrinha... Esse é o meu pai...

A verdade é que tenho que aguentar tanta energia negativa que emana dele, que me tira o ânimo, o fôlego... se você me pedir para resumir meu carnaval em uma palavra eu direi CAMA. Só levantei para desabafar com esse texto o qual após eu clicar em publicar me arrependerei e quem sabe deletarei.