sábado, 21 de fevereiro de 2009

Trauma de carnaval

Concordando com Freud, todo trauma tem origem na infância... lembro-me de que quando criança detestava o carnaval porque eu não fazia nada. Eram cinco dias em frente da tv, "curtindo" o carnaval transmitido pela Rede Verão da Bahia, e morrendo de vontade de ir para rua com meu pai, que não queria me levar alegando que eu ia me perder, não conseguiria ver nada, é muito violento, durante o dia é muito quente, pela noite pode chover... enfim, ele não me levava porque não queria e pronto. Queria brincar o carnaval sem se preocupar com absolutamente nada.

Até então eu ainda gostava de axé, e muito. Depois eu me tornei um adolescente nerd, chato e solitário, que ainda assim intimamente gostava de axé e carnaval, mas não tinha com quem ir para rua, sair em bloco de carnaval, pegar mulher, beber e todas essas outras coisas que envolve o carnaval. É exatamente nessa época que meu pai resolve me levar para ver o carnaval, e eu até que ia... arrastado e rezando para que nenhum colega da escola que saiu com os amigos num bloco ou pipoca me visse com meu pai parado na calçada vendo o bloco passar... A situação me induzia a dizer a todos que não saía num bloco porque não gostava de carnaval (cof, cof...).

E essa mentira tantas vezes repetida... que água mole em pedra dura... passei a rejeitar os ritmos e as festas populares. Quanto mais estranho e desconhecida era a banda, mais eu gostava. Se fizesse sucesso, deixava de gostar. Para completar o quadro, nessa época minha família tinha o hábito de fazer uma feijoada todo domingo de carnaval. Todos os familiares próximos residentes em Salvador iam para a minha casa encher o bucho e meu pai fazia questão de cantar e dançar as músicas do carnaval na frente de todos, para então dizer que eu não gostava de carnaval - apenas para me atingir... eu era o jovem velho e ele o velho jovem. Ele sai sozinho para o carnaval e eu fico em casa - vale ressaltar que ele faz questão de contar isso a todos os sobrinhos e irmãos.

Hoje, depois de ter dado uma guinada de 360º em minha vida, aderido aos festejos populares - festas de largo, às drogas de modo geral, ao ritmo que tocar - do folk alternativo ao cuduro, ainda não consegui dizer sim ao carnaval. E isso entrar para a minha lista de coisas que tenho que fazer antes de morrer - sim, porque nunca se sabe quando será (ainda mais para um cardiopata que se recusa a ir num médico). Agradeço a todos aqueles que me convidam insistentemente para o carnaval... não desistam :D

Para finalizar, neste exato momento acabo de saber que meu pai ganhou um abadá da sexta-feira do bloco Yes e deu para uma sobrinha... Esse é o meu pai...

A verdade é que tenho que aguentar tanta energia negativa que emana dele, que me tira o ânimo, o fôlego... se você me pedir para resumir meu carnaval em uma palavra eu direi CAMA. Só levantei para desabafar com esse texto o qual após eu clicar em publicar me arrependerei e quem sabe deletarei.

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